segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A oração de Ana

Eliane Barbosa Carneiro
Samuel, contudo, ainda menino, ministrava perante o Senhor, vestindo uma túnica de linho.” I Sam 2:18

“Não era costume entrarem os levitas para os seus serviços peculiares antes que tivessem vinte e cinco anos de idade; Samuel, porém, foi uma exceção a esta regra. Cada ano lhe eram confiados encargos de mais importância; e, quando ainda era criança, um éfode de linho foi posto sobre ele em sinal de sua consagração ao serviço do santuário. Jovem como era ao ser trazido para ministrar no tabernáculo, tinha Samuel mesmo então deveres a cumprir no serviço de Deus, conforme sua capacidade. Estes eram a princípio muito humildes, e nem sempre agradáveis; mas cumpria-os da melhor maneira que lhe permitia a habilidade, e com coração voluntário. Levava sua religião a todo dever da vida. Considerava-se servo de Deus, e o seu trabalho como o trabalho de Deus. Seus esforços eram aceitos, porque eram motivados pelo amor a Deus e por um desejo sincero de fazer a Sua vontade. Foi assim que Samuel se tornou cooperador do Senhor do Céu e da Terra. E Deus o habilitou a cumprir uma grande obra em prol de Israel.
Se as crianças fossem ensinadas a considerar a humilde rotina dos deveres de cada dia como o caminho a elas indicado pelo Senhor, como uma escola em que deveriam adestrar-se para a realização de um serviço fiel e eficiente, quanto mais agradável e honroso lhes pareceria o seu trabalho! O cumprir todo dever como sendo ao Senhor, lança um encanto ao redor da mais humilde ocupação, e liga os obreiros na Terra com os seres santos que fazem a vontade de Deus no Céu.” PP p 573 e 574

Samuel foi um grande homem em Israel. Sacerdote desde menino, profeta e o último Juiz sobre Israel. Deus falava com ele! Um homem irrepreensível! Que mãe poderia desejar algo melhor para seu filho?

Mas não é sobre Samuel que gostaria de falar. Quero falar do tempo antes de seu nascimento.

“Elcana, levita do Monte Efraim, era homem de riqueza e influência, e um dos que amavam e temiam ao Senhor. Sua esposa, Ana, era mulher de piedade fervorosa. Meiga e humilde, distinguia-se o seu caráter por um grande ardor e fé elevada.

A bênção tão ansiosamente buscada por todo hebreu era negada a este bom casal; seu lar não se alegrava com vozes infantis; e o desejo de perpetuar seu nome levou o esposo – assim como já havia levado muitos outros – a contrair um segundo casamento. Mas este passo, motivado pela falta de fé em Deus, não trouxe felicidade. Filhos e filhas foram acrescentados à casa; mas a alegria e beleza da sagrada instituição de Deus foram mareadas, e interrompera-se a paz da família. Penina, a nova esposa, era ciumenta e dotada de espírito estreito, e conduzia-se com orgulho e insolência. Para Ana, parecia a esperança estar destruída, e ser a vida um fardo pesado; enfrentou, todavia, a prova com resignada mansidão.” PP p 569

Ana: nome de origem hebraica, significa “cheia de graça”.

Ana vivia com o espírito atribulado, angustiada por não poder ter os filhos que seu marido tanto queria, a ponto de casar-se com outra mulher para tê-los. Segundo a  tradição, a mulher que não tinha filhos não tinha a bênção de Deus. Ana sofria em silêncio. Sua vida era dura, pois tinha que suportar outra mulher que a humilhava grandemente. Penina se sentia superior, mesmo sendo a segunda esposa, porque tinha filhos e filhas e isto a tornava cada vez mais dura de coração.

Elcana era fiel a Deus e todos os anos subia a Siló para prestar culto ao Deus do céu. Nestas ocasiões festivas, levava sua família, e a Penina e seus filhos dava uma porção da oferta para o Senhor. Mas para Ana dava porção dobrada, pois entendia o seu sofrimento e a amava profundamente. Penina sentia-se muito enciumada, e aproveitava a situação para humilhar Ana, por ela não ter filhos.

Isto se repetia de ano em ano, até que Ana não mais o pôde suportar. Incapaz de ocultar sua mágoa, chorou sem constrangimento, e retirou-se da festa. Seu marido em vão a procurou consolar. “Por que choras? e por que não comes? e por que está mal o teu coração?” disse ele; “não te sou eu melhor do que dez filhos?” PP p 570

Ana sofria muito. A humilhação era terrível de se suportar. O que lhe restou foi procurar o consolo em Deus. Ana deixou a festa que se seguia em família e foi ao templo para orar. Orava intensamente, seu espírito estava elevado a Deus. Somente mexia seus lábios pois falava em seu coração. E chorava muito. Isto despertou a curiosidade do sacerdote Eli. Ele chegou a pensar que ela estava embriagada, pois naqueles dias, muitas festas religiosas, erroneamente, incluíam vinho. “Aparta de ti o teu vinho”, ele disse. Ana ficou surpresa, e defendeu-se dizendo “Não meu senhor, não tomei vinho nem bebida forte. Sou atribulada de espírito.” O sacerdote se comoveu com esta mulher e a despediu, rogando ao Deus do céu que concedesse o que ela tinha pedido.

Podemos ver que Ana teve uma atitude, ousada até para aqueles tempos. Pois as mulheres não eram bem vindas dentro do templo. Ana sentiu profunda necessidade de buscar a Deus. Não somente enquanto estava em casa, mas dirigiu-se ao templo, na presença de Deus. Foi buscar uma bênção! O Senhor tem bênção também para nós. Muitas vezes precisamos ir buscá-las em Sua presença. Estender nossas mãos até Ele. Ter atitude assim como Ana. Ela poderia ficar sofrendo e acomodar-se pensando que Deus assim desejasse, que ela não tivesse filhos em sua casa.

A oração de Ana foi atendida; recebeu a dádiva que tão fervorosamente havia rogado. Olhando para o filho, chamou-o Samuel – “pedido a Deus”. I Sam. 1:8, 10, 14-16 e 20. Logo que o pequeno teve idade suficiente para separar-se de sua mãe, ela cumpriu seu voto. Amava o filho com toda a devoção de um coração de mãe; dia após dia, observando suas faculdades que se expandiam, e ouvindo seu balbuciar infantil, cingia-o mais estreitamente em suas afeições. Era seu único filho, uma dádiva especial do Céu; mas recebera-o como um tesouro consagrado a Deus, e não queria privar o Doador daquilo que Lhe era próprio.

Mais uma vez Ana viajou com o esposo para Siló, e apresentou ao sacerdote, em nome de Deus, sua preciosa dádiva, dizendo: “Por este menino orava eu; e o Senhor me concedeu a minha petição, que eu Lhe tinha pedido. Pelo que também ao Senhor eu o entreguei, por todos os dias que viver.” I Sam. 1:27 e 28. Eli ficou profundamente impressionado pela fé e devoção desta mulher de Israel.” PP p 570,571

Ana decidiu entregar o seu tesouro, aquele filho tão esperado, ao doador de toda vida.

“Todos os anos sua mãe fazia uma pequena túnica e a levava para ele, quando subia a Siló com o marido para oferecer o sacrifício anual.” I Sam 2:19

Desde o primeiro despontar da inteligência do filho ela lhe ensinara a amar e reverenciar a Deus, e a considerar-se como sendo do Senhor. Por meio de todas as coisas conhecidas que o cercavam, procurou ela elevar seus pensamentos ao Criador. Depois de separada de seu filho, a solicitude da fiel mãe não cessou. Cada dia ele era objeto de suas orações. Cada ano ela lhe fazia, com suas próprias mãos, uma túnica para o serviço; e, subindo com o esposo para adorar em Silo, dava ao menino esta lembrança de seu amor. Cada fibra da pequena veste era tecida com uma oração para que ele fosse puro, nobre e verdadeiro. Não pedia para o filho grandezas mundanas, mas rogava fervorosamente que ele pudesse alcançar aquela grandeza a que o Céu dá valor – que honrasse a Deus e abençoasse a seus semelhantes.” PP p 572

Ana não desejou riquezas materiais para seu filho. Somente “que honrasse a Deus e abençoasse seus semelhantes”. Que todos possamos em nossos mínimos afazeres estar com uma prece eleva a Deus. Tudo o que formos fazer, possamos fazer em oração. Desde um alimento preparado aos nossos filhos, aos cuidados que temos com eles, devemos estar em oração, pedindo a Deus que seu caráter seja irrepreensível! E Deus nos ouvirá, assim como ouviu Ana.

 “Eli abençoava Elcana e sua mulher, dizendo: “O Senhor dê a você filhos desta mulher no lugar daquele por quem ela pediu e dedicou ao Senhor”. Então voltavam para casa.

O Senhor foi bondoso com Ana; ela engravidou e deu à luz três filhos e duas filhas. Enquanto isso, o menino Samuel crescia na presença do Senhor”. I Sam 2:20 e 21

Ana orava fervorosamente por seu filho antes mesmo dele ser concebido!

A oração dos pais, especialmente da mãe tem grande poder sobre a vida dos filhos. Oremos por nossa família para alcançarmos as bênçãos que Deus nos tem preparadas.

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